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Cancro do Colo do Útero, Câncer Cervical, ou Câncer do colo de útero

Março 25, 2019

Cancro do colo do útero é um tipo de tumor maligno que ocorre na parte inferior do útero, no cervix. O câncer cervical é o terceiro câncer mais comumente diagnosticado em todo o mundo e a quarta principal causa de morte por câncer em mulheres. O câncer cervical causa cerca de 266.000 mortes em todo o mundo. A taxa de mortalidade é dez vezes maior nos países em desenvolvimento em comparação com os países desenvolvidos. Nas últimas décadas, a incidência de cancro do colo do útero diminuiu em um terço e a mortalidade em metade. Está comprovado que o programa de rastreamento do colo do útero está associado com o aumento da taxa de cura do cancro do colo do útero. Este tipo de cancro é mais comum em pessoas com idades entre 25 e 34 anos.

O cancro do colo do útero é uma das primeiras dez causas de morte de mulheres em Moçambique.

O Vírus HPV

O cancro do colo do útero é causado por uma infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV). O Vírus HPV transmite‐se principalmente pelo contacto sexual, ficando alojado na área genital dos homens e mulheres, mas existem outras vias como: o canal de parto, o uso de materiais contaminados (por exemplo: roupas íntimas, toalhas, etc…).

Dos 150-200 tipos de HPV conhecidos, os tipos 16 e 18 do vírus do papiloma humano (HPV) causam 75% dos cânceres do colo do útero em todo o mundo, enquanto os tipos 31 e 45 são a causa de mais 10% dos casos. Mulheres com múltiplos parceiros sexuais (ou que tenham relações sexuais com homens que têm ou tiveram muitos outros parceiros) estão em maior risco de desenvolver o câncer. Acredita-se que a infecção pelo HPV seja uma condição necessária para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

Factores de Risco

  • Início precoce da vida sexual.
  • Grande quantidade de parceiros sexuais, aumenta o risco de contrair HPV.
  • Presença de outras DSTs, como gonorreia, sífilis, clamídia ou HIV.
  • Sistema imunológico debilitado permite que o HPV tenha mais possibilidades de se manifestar.
  • Tabagismo pode aumentar incidência de carcinoma de células escamosas.
  • Uso prolongado de pílula anticoncepcional (por mais de 5 anos).
  • Histórico de três ou mais gestações.
  • Uso de DIU.
  • Histórico familiar de câncer de colo do útero.

Sinais e Sintomas

As lesões ou feridas iniciais no colo do útero provocadas pelo vírus HPV podem não provocar sintomas. Quando a doença se agrava para cancro do colo do útero normalmente a mulher pode sentir ou ter:

  • Sangramentos vaginais anormais, por exemplo hemorragias entre as menstruações, hemorragia durante ou após as relações sexuais, e hemorragias após a menopausa;
  • Corrimento vaginal anormal, aumentado e que se repete, por vezes com mau cheiro;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Dor na pelve.

Os sintomas do cancro do colo do útero avançado incluem: perda do apetite, emagrecimento, fadiga, dor pélvica, dor lombar, dores e inchaço nas pernas, sangramento vaginal de grande volume, fraturas e, mais raramente, perda de urina e fezes pela vagina. Sangramento após ducha vaginal ou após o exame ginecológico é um sintoma comum do câncer do colo do útero.

Na consulta o técnico pode realizar perguntas que lhe permitam identificar melhor a presença de um provável cancro cervical, tais como:

  • Quais são os seus sintomas? Apresenta sangramento vaginal irregular?
  • Quando você começou a apresenta-los?
  • Você faz os exames de Papanicolau desde que têm uma vida sexual activa? Já apresentou um resultado deste exame anormal?
  • Você já foi tratada devido a algum problema no colo do útero?
  • Você já foi diagnosticada com alguma ITS?
  • Você fuma ou já fumou? Em que quantidades?

Uma mulher que tenha sido infectada pelo HPV desenvolve uma lesão (ferida) no colo do útero, que pode levar até 10 a 20 anos para desenvolver o cancro do colo do útero.

 

Diagnóstico

O cancro do colo do útero em estágio inicial pode ser rastreado pelo técnico nas consultas de rotina. Para detectá-lo ou as lesões do HPV os exames mais usados são:

  • Papanicolau
  • Colposcopia e vulvoscopia, com biópsia se necessário.
  • Os exames de prevenção costumam ser feitos depois que a mulher começa a ter uma vida sexual activa.

Quando o câncer de colo do útero já está em curso, outros exames podem ser feitos para identificar a extensão do tumor:

  • Biópsia da região
  • Tomografia computadorizada
  • Ultrassom
  • Ressonância magnética
  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET-Scan).

 

Estadiamento

O cancro do colo do útero é estadiado a partir do sistema estabelecido pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que se baseia mais no exame clínico do que nos achados cirúrgicos. Apenas os testes e métodos não invasivos a seguir podem ser usados no estadiamento da doença, quando se utiliza o sistema FIGO: palpação, inspeção, colposcopia, curetagem endocervical, histeroscopia, cistoscopia, proctoscopia, urografia intravenosa, conização e radiografia do tórax e do esqueleto.

 

Estádio I:

Tumor limitado ao colo

Estádio 1a

Carcinoma invasivo diagnosticado só por microscopia

Estádio 1b

Lesões invasivas clinicamente visíveis limitadas ao colo ou lesão visível no microsocopio >IA2

Estádio II:

Tumor com invasão para além do útero sem atingir a parede pélvica  ou o terço inferior da vagina

Estádio 2a

Sem invasão dos paramétrios

Estádio 2b

Com invasão dos paramétrios mas não da parede pélvica

Estádio III:

Extensão para a parede pélvica e/ou envolvimento do 1/3 inferior da vagina e/ou  hidronefrose ou rim não funcionando

Estádio 3b

Extensão para a parede pélvica e/ou hidronefrose ou rim não funcionando

 

Estádio IV

Extensão para além da pélvis ou envolvimento da mucosa da bexiga ou recto

Estádio 4ª

Tumor com invasão de órgãos adjacentes

Estádio 4b

Tumor com invasão de órgãos à distância

Prevenção

O Cancro do Colo do Útero PODE SER PREVENIDO!

  • Vacinar as meninas contra o HPV entre a idade de 9 e 20 anos. A vacina reduz o risco de desenvolver o câncer cervical em 93% e também protege contra o câncer de vagina, câncer de vulva, câncer retal, câncer de faringe e câncer de boca, que também associados ao HPV. A vacina nos homens também previne cânceres masculinos como o câncer de pênis e a transmissão do HPV para mulheres.
  • Uso de preservativo em todas relações sexuais.
  • Mudança de comportamentos sexuais de risco para reduzir a transmissão de doenças sexuais
  • Adiamento das relações sexuais nas meninas,
  • O rastreio e tratamento das lesões ou feridas iniciais do colo do útero. Através do exame de Papanicolaue da colposcopia é possível realizar a monitorização das mulheres saudáveis para detectar lesões intracervicais (CIL). O exame deve ser repetido a cada 5 anos em mulheres sem factores de risco, a cada 3 anos com baixo risco e anualmente quando há alto risc O primeiro exame normalmente é feito entre os 20 e os 30 anos. 

No País, algumas unidades sanitárias já estão a fazer o rastreio do cancro do colo do útero e o tratamento imediato das lesões iniciais antes de estas se transformarem em lesões malignas. O técnico de saúde deve transferir as utentes com sinais e sintomas para uma unidade sanitária para o rastreio.

Tratamento

O tratamento geralmente é por cirurgia, radioterapia e quimioterapia, e depende das condições do paciente, do tipo de tumor e da sua procedência.

Prognóstico

A sobrevivência 5 anos após o diagnóstico é em média de 72%. Nos estágios iniciais é de 92%, caindo 35% nos estágio III e 15% no estágio IV. Cerca de 35% das mulheres com câncer invasivo voltam a ter esse câncer em menos de 5 anos. Geralmente as metástases são locais, invadindo vagina, bexiga, cólon, reto e peritônio.

Referências

  1. Louise Newson; Cervical Cancer https://patient.info/doctor/cervical-cancer-pro
  2. World Cancer Report 2014: World Health Organization. 2014. pp. Chapter 1.1. ISBN 9283204298
  3. Bosch, FX; de Sanjosé, S (2007). «The epidemiology of human papillomavirus infection and cervical cancer.». Disease Markers.
  4. Cervical Cancer Prevention (PDQ®). National Cancer Institute. 27 de fevereiro de 2014.
  5. Bermudez, Adriana e Col.; Câncer do colo do útero, FIGO CANCER REPORT 2015.

 

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